O couro sempre foi sinônimo de qualidade, durabilidade e sofisticação. Mas, com o aumento da oferta de materiais sintéticos que imitam o couro, muitas pessoas ficam em dúvida: Como saber se um material é realmente couro?
Se você trabalha com couro, vende peças ou simplesmente aprecia esse material nobre, conhecer essas diferenças é fundamental.
A seguir, compartilho com você um guia completo para identificar o couro legítimo — com base na minha experiência de mais de 40 anos trabalhando com esse material.
1. A origem importa
- Couro verdadeiro: é de origem animal, geralmente bovino, e passa por um processo de curtimento para ser transformado em material durável.
- Couro sintético: é um material industrializado, feito com base em plásticos como PVC (policloreto de vinila) ou PU (poliuretano), criado para imitar a aparência do couro.
2. Toque e textura
- Couro verdadeiro tem textura irregular e única. Ao passar a mão, você sente uma certa maciez e calor, como se estivesse tocando algo vivo.
- Couro sintético é frio ao toque, muitas vezes liso demais ou com texturas repetitivas e artificiais.
Dica prática: dobre o material. O couro verdadeiro cria rugas naturais. Já o sintético dobra de forma mais rígida ou com trincas.
3. O cheiro não engana
Um dos métodos mais confiáveis:
- Couro legítimo tem um cheiro inconfundível, forte e orgânico — difícil de descrever, mas impossível de esquecer.
- Couro sintético tem cheiro de plástico, borracha ou cola. Alguns fabricantes tentam mascarar com perfumes, mas não engana quem conhece.
4. O teste da água
- No couro verdadeiro, uma gota d’água escurece a superfície momentaneamente, pois o material tem poros naturais e absorve um pouco da umidade.
- O sintético não absorve nada — a gota escorre sem deixar marcas.
Faça esse teste com cuidado, preferencialmente em áreas discretas.
5. Teste do fogo (com responsabilidade!)
Se tiver uma amostra que possa queimar com segurança:
- O couro verdadeiro não pega fogo facilmente, apenas queima devagar e cheira a cabelo queimado.
- O sintético derrete, faz bolhas e exala um cheiro forte de plástico queimado.
Use esse teste apenas em pedaços de amostra, nunca em produtos prontos.
6. Examine as bordas
- O couro natural tem bordas com fibras aparentes, uma aparência mais “orgânica” e irregular.
- O sintético tem corte perfeitamente reto, revelando uma camada plástica ou tecido interno.
7. Durabilidade e envelhecimento
- O couro verdadeiro melhora com o tempo. Desenvolve uma pátina que torna cada peça única.
- O sintético, com o tempo, tende a descascar, rachar ou endurecer.
O que diz a lei brasileira: “Couro” é só o de origem animal
No Brasil, existe uma legislação clara e específica sobre o uso da palavra “couro”.
Lei nº 4.888, de 9 de dezembro de 1965
Art. 1º – Fica proibido o uso da palavra “couro” para designar quaisquer materiais que não sejam exclusivamente de origem animal.
Isso significa que nenhum material sintético, como “couro sintético”, “couro ecológico” ou “couro vegano”, pode legalmente ser chamado de couro. Esses nomes induzem o consumidor ao erro e violam a legislação vigente.
Além disso, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) reforça essa proibição através da Norma ABNT NBR 16.605/2017, que regulamenta o uso da palavra “couro” na comunicação comercial e em etiquetas de produtos.
Conclusão: Saber identificar é valorizar o verdadeiro couro
Entender essas diferenças é essencial, seja você artesão, comprador ou admirador do trabalho em couro. Uma peça de couro verdadeiro é um investimento. Ela carrega história, textura, cheiro e personalidade. Não há comparação.
Se você trabalha com couro ou quer aprender, continue acompanhando o blog. Aqui, compartilho meu conhecimento de décadas para quem ama essa arte e quer se aperfeiçoar.
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